terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Soja


VITRINE FITOPATOLÓGICA DA SOJA
(Tatielli Alves Ludugerio)

A cultura da Soja (Glycine max) foi implantada no dia 22/10/2016. A cultivar utilizada foi a Monsoy 7739 IPRO, que possui como características: ciclo de 105 dias, resistência a acamamento, hábito de crescimento semi–determinado, altura média de 72 cm, moderada resistência a cancro da haste e mancha olho de rã, resistência a nematóide de cisto (Heterodera glycines) raças 1, 3 e 10 mas susceptibilidade a Meloidogyne javanica, Meloidogyne incógnita e Pratylenchus brachyurus.
O espaçamento utilizado foi de 0,45m entre linhas, totalizando onze linhas por parcela, com profundidade de 0,04m, o estande de 16 plantas. A adubação realizada antes da semeadura foi feita utilizando formulado 10-30-20 na dosagem de 250 kg ha. Foi realizada adubação de cobertura com KCl na dosagem de 60 kg há.
O tratamento de sementes foi feito utilizando-se produtos recomendados para a cultura. Usou-se Cruiser 350 FS (300 ml/100kg de semente), um inseticida sistêmico do grupo químico dos neonicotinóides que confere a proteção da cultura contra lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus), mosca-branca (Bemisia tabaci raça B), tamanduá-da-soja (Sternechus subsigunatus), torrãozinho (Aracanthus mourei) e cupim-de-monticulo (Procornitermes triacifer). E também utilizou-se o fungicida Maxim (200ml/100kg de semente), um fungicida de contato do grupo químico fenilpirrol, como prevenção as doenças mancha-olho-de-rã (Cercospora sojina), podridão-aquosa (Rhizoctonia solani) e podridão-vermelha-da-raiz (Fusarium solani). O manejo de plantas daninhas foi feito sempre de forma mecânica com uso de enxada.
As doenças encontradas na área foram: Antracnose (Colletotrichum truncatum), Mancha-olho-de-rã (Cercospora sojina Hara), Mancha-alvo (Corynespora cassiicola), Míldio (Peronospora manshurica), Ferrugem Asiática (Phakopsora pachyrhizi) e Oídio (Microsphaera diffusa).


Figura 1.: Área experimental.
FONTE: LUDUGERIO, Tatielli. IFMT – Campus Campo Novo do Parecis, 2016.
DOENÇAS DA CULTURA DA SOJA
ANTRACNOSE – Colletotrichum truncatum
A antracnose é a principal doença que afeta a fase inicial de formação das vagens e é um dos principais problemas dos cerrados. Em anos chuvosos, pode causar perda total da produção mas com maior frequência, causa alta redução do número de vagens, induzindo a planta à retenção foliar e haste verde. A maior intensidade da antracnose nos cerrados pode ser atribuída à elevada precipitação e às altas temperaturas.
ETIOLOGIA: Causado pelo fungo Colletotrichum truncatum, em períodos de alta umidade é possível ver as estruturas reprodutivas do fungo nas partes infectadas da planta.
SINTOMAS: A antracnose pode causar morte de plântulas, necrose dos pecíolos e manchas nas folhas, hastes e vagens. Originado de semente infectada ou de inóculo produzido em restos culturais da safra anterior, o fungo desenvolve-se, de forma latente, no interior do tecido cortical e pode não se expressar até o final do ciclo, dependendo das condições climáticas, da fertilidade e da densidade de semeadura. Pode causar queda total das vagens ou deterioração das sementes em colheita retardada. Os sintomas mais evidentes ocorrem em pecíolos e ramos tenros das partes sombreadas e em vagens em início de formação. As vagens infectadas nos estádios R3-R4 adquirem coloração castanho-escura a negra e ficam retorcidas; nas vagens em granação, as lesões iniciam-se por estrias de anasarca e evoluem para manchas negras. Em períodos de alta umidade, as partes infectadas ficam cobertas por pontuações negras que são as frutificações do fungo. Sementes apresentam manchas deprimidas, de coloração castanho-escuras. Plântulas originadas de sementes infectadas apresentam necrose dos cotilédones, que pode se estender para o hipocótilo, causando o tombamento.
Figura 8.: Sintoma de antracnose em cotilédones de soja.
FONTE: LUDUGERIO, Tatielli. IFMT – Campus Campo Novo do Parecis, 2017.

EPIDEMIOLOGIA: Altas densidades populacionais, associadas ao molhamento foliar por orvalho prolongado, precipitações frequentes ou alta umidade relativa (mínimo de 12 horas) e temperaturas entre 18ºC e 25°C favorecem a ocorrência do fungo, bem como o uso de sementes infectadas e deficiências nutricionais, principalmente de potássio, também contribuem para maior ocorrência da doença. Sementes oriundas de lavouras que sofreram atraso de colheita, por causa de chuvas, podem apresentar índices mais elevados de infecção.
CONTROLE: Recomenda-se o uso de semente sadia, tratamento de sementes (que auxilia na redução da incidência da doença mas não erradica o patógeno das sementes), rotação de cultura com plantas não hospedeiras, espaçamento entre fileiras e estande que permitam bom arejamento da lavoura e manejo adequado do solo com adubação equilibrada (adubação com potássio principalmente), são medidas que podem colaborar com a redução da severidade da doença. O controle químico da antracnose na parte aérea da soja foi avaliado nas condições de Mato Grosso (Cassetari Neto et al., 2001, Fornarolli et al., 2002), destacando a eficiência de fungicidas sistêmicos (benzimidazóis). As misturas de fungicidas dos grupos químicos triazóis e estrobilurinas, também apresentou resultados promissores na redução das perdas provocadas pelo patógeno em soja, apesar da ação individual de cada um desses princípios ativos ser inferior à ação dos benzimidazóis no controle da antracnose em soja.


MANCHA-OLHO-DE-RÃ – Cercospora sojina Hara
 Essa doença causou epidemias nas lavouras de soja no Brasil na década de 1970.  Hoje está sob controle, pela eficiência do melhoramento no desenvolvimento de cultivares resistentes. No entanto, devido à variabilidade do fungo, a resistência não é durável.
ETIOLOGIA: O agente causal da mancha olho de rã é a Cercospora sojina Hara. O patógeno possui a capacidade de desenvolver novas raças. Esporula na face inferior da folha, produzindo conídios hialinos.
SINTOMAS: Podem ocorrer em folhas, hastes, vagens e sementes. As lesões iniciam como pequenos pontos de encharcamento e evoluem para manchas castanho-claras no centro com bordos castanho-avermelhados, na página superior da folha, e cinzas na página inferior, onde ocorre a esporulação. O tamanho das lesões varia de 1 a 5 mm de diâmetro. Em hastes e vagens, as lesões aparecem ao final da granação e apresentam aspectos de anasarca na fase inicial, evoluindo para manchas circulares, castanho-escuras nas vagens, e manchas elípticas ou alongadas, com centro cinza a castanho-claro e bordos castanho-avermelhados na haste. Na semente, o tegumento apresenta rachaduras e manchas de tamanhos variáveis, de coloração parda a cinza. De modo geral, a ocorrência da mancha “olho-de-rã” começa na fase de floração, entre os estádios R1 e R3.

Figura 3.: Sintoma de mancha-olho-de-rã na face superior de folha de soja.
FONTE: LUDUGERIO, Tatielli. IFMT – Campus Campo Novo do Parecis, 2017.


Figura 4.: Sintoma de mancha-olho-de-rã na face inferior de folha de soja.
FONTE: LUDUGERIO, Tatielli. IFMT – Campus Campo Novo do Parecis, 2017.

EPIDEMIOLOGIA: O inóculo primário e importante agente de disseminação é a semente, mas os restos culturais e o vento associado à chuva também contribuem para a disseminação da doença. Períodos chuvosos e quentes favorecem a produção de esporos. A ocorrência em lavouras é esporádica podendo ser encontrada em áreas cultivadas com materiais que não possuem resistência a esse patógeno.
CONTROLE: O controle mais eficiente e econômico é o uso de variedades resistentes. O controle químico pode ser realizado com apenas duas aplicações de fungicidas: a primeira quando houver 5 a 10 manchas nas folhas mais afetadas e a segunda, se necessária, entre 10 e 15 dias após. A mistura de um fungicida sistêmico com um de contato é recomendada. O tratamento de sementes, de forma sistemática com thiabendazol ou mistura de thiabendazol + thiram, é fundamental para evitar a introdução do fungo Cercospora sojina Hara onde o mesmo não esteja presente.

MANCHA - ALVO – Corynespora cassiicola
 C. cassiicola é encontrado em todas as áreas produtoras de soja do Brasil (MIGUEL-WRUCK, 2011), comumente reportada como doença de final do ciclo da soja (DFC), é potencialmente destrutiva em cultivares suscetíveis em épocas com elevada precipitação pluvial (PHILLIPS, 1989). Situação peculiar é encontrada na região Centro-Oeste, daí a importância da doença na região, onde os sintomas podem ser percebidos inclusive no período vegetativo.
ETIOLOGIA: O agente causal é o fungo Corynespora cassiicola. O patógeno é cosmopolita e encontra-se em todas as regiões agrícolas do Brasil. Corynespora cassiicola é um patógeno onívoro, que ataca espécies de cerca de 50 famílias de plantas.
SINTOMAS: As lesões se iniciam por pontuações pardas, com halo amarelado, evoluindo para grandes manchas circulares, de coloração castanho-clara a castanho-escura, atingindo até 2 cm de diâmetro. Geralmente, as manchas apresentam uma pontuação escura no centro, semelhante a um alvo. Cultivares suscetíveis podem sofrer severa desfolha, com manchas pardo- avermelhadas na haste e nas vagens. O fungo também infecta raízes.


Figura 5.: Sintoma de mancha-alvo em folha de soja.
FONTE: LUDUGERIO, Tatielli. IFMT – Campus Campo Novo do Parecis, 2017.

Figura 6.: Múltiplas lesões de mancha-alvo em folha de soja.
FONTE: LUDUGERIO, Tatielli. IFMT – Campus Campo Novo do Parecis, 2017.



EPIDEMIOLOGIA: O fungo é necrotrófico e apresenta uma fase parasitária sobre a planta hospedeira e outra saprofítica nos restos culturais, além de sobreviver em plantas voluntárias, sementes e hospedeiros alternativos, o que permite sua sobrevivência de uma safra para outra. Altas densidades populacionais, associadas a alta umidade e altas temperaturas. As infecções foliares ocorrem quando a umidade atinge índices superiores a 80%. Períodos secos inibem as infecções foliares e radiculares. No solo, a temperatura ótima situa-se entre 15ºC e 18°C, e as plântulas que se desenvolvem à temperatura de 15°C geralmente apresentam lesões nas raízes primárias e crescimento retardado das raízes secundárias.
CONTROLE: O controle da mancha alvo em soja pode ser obtido através do uso de cultivares resistentes, tratamento de sementes, rotação de culturas com milho e outras gramíneas e controle químico através da aplicação de fungicidas (ALMEIDA et al., 2005). 

MÍLDIO – Peronospora manshurica
O míldio é uma das doenças de distribuição em todas as regiões onde se cultiva soja no mundo. O fungo apresenta grande variabilidade genética, conhecendo-se atualmente já 23 raças. As perdas causadas pela doença podem alcançar 8% a 20%. No Brasil, as condições climáticas para o desenvolvimento do fungo e ataque às plantas parecem ser adequadas o ano todo. Ocorre em todos os estados do Brasil onde a soja é plantada e sua introdução provavelmente foi feita pela semente. Não parece ser doença de grande importância econômica tendo causado apenas prejuízos reduzidos.
ETIOLOGIA: O agente causal é o fungo Peronospora manshurica que produz que atravessa o período entre culturas de um ano para outro na forma de oósporos que se formam sobre as folhas das plantas ou nas sementes. A semente recoberta externamente por oósporos do fungo, quando usada no plantio, dá origem a plantas com invasão sistêmica. As frutificações do fungo que se formam sobre as lesões na face inferior das folhas em condições de alta umidade relativa dão origem a inóculo secundário facilmente disseminado pela chuva.
SINTOMAS: O início do desenvolvimento da doença ocorre nas folhas unifolioladas e pode atingir toda a parte aérea das plantas. Os primeiros sintomas ocorrem na forma de pontuações amarelas, que se desenvolvem até atingirem um diâmetro aproximado de 5 mm, posteriormente necrosam, ficando similares às manchas da doença “mancha olho de rã”. Na página superior das folhas, os sintomas evoluem de manchas claras para a amarelo-brilhantes com o centro necrosado, e na página inferior são observadas estruturas reprodutivas de aspecto cotonoso, de coloração levemente rosada ou cinza (esporangióforo e esporângio). Em ataques severos, as folhas tornam-se amarelas e marrons, e as bordas ficam enroladas, o que provoca a desfolha prematura. Nas vagens atacadas, as sementes apresentam deterioração ou infecção parcial. No tegumento, desenvolve uma crosta pulverulenta de coloração bege ou castanho-clara, formada de micélio e esporos.

Figura 7: sintomas de míldio em face superior de soja
FONTE: LUDUGERIO, Tatielli. IFMT – Campus Campo Novo do Parecis, 2017.

EPIDEMIOLOGIA: O patógeno é introduzido na lavoura por meio de sementes infectadas e por esporos disseminados pelo vento. Ocorre em praticamente todas as regiões produtoras de soja do Brasil. As condições climáticas de temperaturas amenas (20 °C a 22 °C) e umidade elevada, principalmente na fase vegetativa, são favoráveis à doença. À medida que as folhas envelhecem, tornam-se resistentes. A transmissão por semente, na forma de oósporos aderidos ao tegumento, embora possa ocorrer, é rara. A esporulação é favorecida por períodos de alta umidade e temperaturas amenas, entre 10ºC e 25 °C. A infecção sistêmica é favorecida entre 20ºC e 22 °C na fase vegetativa, paralisando seu desenvolvimento na fase reprodutiva do hospedeiro. A esporulação é inibida quando a temperatura é inferior a 10 °C e superior a 30 °C.
        CONTROLE: O manejo desta doença envolve a rotação de culturas com espécies não hospedeiras do patógeno, destruição dos restos culturais, uso de cultivares resistentes, e o tratamento de sementes com fungicidas, sendo as duas últimas as mais eficientes das estratégias descritas até o momento.
 
OÍDIO – Microsphaera diffusa
O oídio da soja sempre esteve presente em todas as regiões produtoras, desde o estado do Rio Grande do Sul até a região do cerrado, em plantas de cultivadas em casa-de-vegetação, plantas guaxas, e variedades tardias, ao final da safra. A partir de meados para o final dos anos 90 a doença começou a apresentar alta incidência em diversas cultivares. É uma doença potencialmente perigosa em períodos de estiagem, sendo que no ano de 1997 o oídio ocorreu de forma generalizada e surpreendente em todo o país, sendo necessário recomendar, em caráter emergencial, o controle químico, em todo país. As perdas de rendimento decorrente desta doença nas lavouras deste ano atingiram níveis de até 40%.
ETIOLOGIA: O Oídio é causado pelo fungo Microsphaera diffusa, um fungo biotrófico que pode incidir em outras leguminosas também. O fungo produz micélio na superfície da planta através de haustórios intracelulares nas células epidérmicas.
SINTOMAS: Desenvolve-se na parte aérea da planta, principalmente em folhas e hastes (com maior intensidade no baixeiro), sendo caracterizado pela presença de uma fina camada de micélio e esporos (conídios) pulverulentos do fungo, que podem evoluir de pequenos pontos brancos para a cobertura total das partes infectadas, impedindo a fotossíntese e provocando queda prematura das folhas, nas quais, a coloração branca do fungo pode se alterar para castanho-acinzentada e, nas hastes, podem ocorrer rachaduras e cicatrizes superficiais.

Figura 8: Sintoma de oídio na haste.
FONTE: LUDUGERIO, Tatielli. IFMT – Campus Campo Novo do Parecis, 2017.

Figura 9: Sintomas de oídio nas folhas.
FONTE: LUDUGERIO, Tatielli. IFMT – Campus Campo Novo do Parecis, 2017.

EPIDEMIOLOGIA: A infecção pode ocorrer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, sendo muito mais comum ser encontrada após o inicio da floração, quanto mais cedo, maiores os danos provocados. Possui dispersão facilitada pelo vento. Baixa umidade relativa do ar e temperaturas amenas (entre 18 ºC e 24 ºC) favorecem o desenvolvimento do fungo. Temperaturas superiores a 30 ºC, precipitações intensas e frequentes são fatores inibidores ao seu desenvolvimento. Outros fatores, como época de semeadura e fase de desenvolvimento da planta influem significativamente na severidade da doença, algumas cultivares consideradas resistentes se tornam suscetíveis quando plantadas fora da época (Embrapa, 1998).
CONTROLE: Atualmente o método mais eficiente e econômico é a utilização de variedades resistentes. O controle químico pode ser utilizado até o estádio R6, utilizando fungicidas registrados, a base de enxofre. Entre os fungicidas tradicionalmente aplicados contra o oídio citam-se o enxofre elementar, tiabendazol, benomil, tiofanato metílico e o clorotalonil (McGee, 1992). Outros fungicidas são utilizados para o controle do oídio nas mais diversas culturas, como o difenoconazol, tebuconazol, propiconazol, procloraz e o carbendazim (Picinini e Fernandes, 1997; Sawada e Azevedo, 1997). Estudos desenvolvidos por Blum et al. (2002) indicaram que a mistura tebuconazol + procloraz e o propiconazol destacaram-se no controle do oídio. Os mesmos autores salientaram ainda que carbendazim, tebuconazol, tebuconazol + carbendazim e propiconazol + carbendazim apresentaram bons resultados no controle desta doença. Além desses produtos, estão registrados para o controle desta doença 97 fungicidas.
A adubação equilibrada contribui na redução do impacto da doença. Deve-se evitar rotação com leguminosas.



FERRUGEM ASIÁTICA – Phakopsora pachyrhizi
A ferrugem da soja é uma das doenças de soja mais importantes do mundo. Devido à carência de resistência da planta, a natureza explosiva da doença e o alto potencial de perdas de produtividade (30 a 80%), a ferrugem da soja vem há tempos sendo vista como uma séria ameaça a produção de soja nas Américas do Sul e do Norte. A ferrugem da soja causada por P. pachyrhizi foi descrita pela primeira vez em 1902 no Japão. Em 2001 a ferrugem da soja foi relatada no Brasil, no estado do Paraná.
ETIOLOGIA: O agente causal é o fungo Phakopsora pachyrhizi, que possui dois tipos de esporos: uredósporos e teliósporos. Os uredósporos (15- 24 μm x 18-34μm) são os mais comuns e se constituem na fase epidêmica da doença. São ovóides a elípticos, largos, com paredes com 1,0 μm de espessura, densamente equinulados e variando de incolor a castanho-amarelo pálido. A penetração ocorre de forma direta através da cutícula.   Phakopsora pachyrhizi apresenta grande variabilidade patogênica e, através do uso de variedades diferenciadoras, várias raças têm sido identificadas.
SINTOMAS: Os primeiros sintomas da ferrugem da soja causada por Phakopsora pachyrhizi iniciam com diminutas manchas de cor marrom, castanha ou vermelho-tijolo nas folhas. São mais visíveis a partir da fase de florescimento pleno (fase R2) até o final de ciclo da cultura ou de desfolha natural (fase R8), embora plântulas possam ser infectadas sob certas circunstâncias. Frequentemente, as primeiras lesões aparecem na base do folíolo perto do pecíolo e das nervuras da folha. Esta região do folíolo provavelmente retém a umidade por um tempo mais longo, proporcionando condições mais favoráveis à infecção. As lesões permanecem pequenas (2-5 mm de diâmetro), porém crescem em número com o progresso da doença. Pústulas, que são as urédias, são formadas nas lesões principalmente na face inferior das folhas e podem produzir uma grande massa de uredósporos. Pústulas maduras podem ser vistas a olho nu, especialmente durante a esporulação. Mesmo pequenas, cada lesão possui grande quantidade de pústulas (urédias). As lesões podem ser completamente cobertas por uredósporos quando as pústulas estão ativas. Para a formação da urédia, é necessário um período de incubação de nove a dez dias, e a formação dos uredósporos ocorre após três semanas.
À medida que mais lesões são formadas nos folíolos, as áreas infectadas começam a amarelar e, eventualmente, os folíolos caem das plantas. Apesar da ferrugem da soja iniciar nas folhas do baixeiro, a doença rapidamente progride para as folhas mais altas até que todas as folhas apresentem os sintomas da doença. Muitas plantas doentes podem tornar-se completamente desfolhadas. A perda de tecidos foliares resulta na redução de produtividade devido à diminuição do tamanho e número de grãos. Danos na produtividade de 30 a 80% já foram relatados, porém o volume dos danos depende de quando a doença iniciou e quão rápido ela progrediu. Além das folhas, a ferrugem da soja também pode aparecer em pecíolos, hastes e até em cotilédones, porém a maioria das lesões da ferrugem ocorre nas folhas.


Figura 10: Sintomas de ferrugem na face superior da folha.
FONTE: LUDUGERIO, Tatielli. IFMT – Campus Campo Novo do Parecis, 2017.


Figura 11: Pústulas de ferrugem na face inferior da folha.
FONTE: LUDUGERIO, Tatielli. IFMT – Campus Campo Novo do Parecis, 2017.


EPIDEMIOLOGIA: O processo de infecção depende da disponibilidade de água livre na superfície da folha, sendo necessárias no mínimo seis horas, com um máximo de infecção ocorrendo com 10 a 12 horas de molhamento foliar. Temperatura entre 15ºC e 28ºC são favoráveis à infecção. A disseminação ocorre pela ação dos ventos e pela chuva. Não ocorre por meio das sementes. O fungo é biotrófico, e infecta hospedeiros alternativos a fim de manter a sobrevivência, entre eles estão: kudzu (Pueraria montana var. lobata), feijão-comum (Phaseolus vulgaris var. vulgaris), ervilha (Pisum sativum), fedegoso (Senna occidentalis), entre outras.
CONTROLE: O controle da ferrugem asiática da soja exige a combinação de diversas técnicas, a fim de evitar perdas de rendimento. Recomendam-se algumas estratégias, tais como: semear preferencialmente cultivares precoces e no início da época recomendada para cada região; evitar o prolongamento do período de semeadura, pois a soja semeada mais tardiamente (ou de ciclo longo) irá sofrer mais dano, devido à multiplicação do fungo nas primeiras semeaduras. Nas regiões onde foi constatada a ferrugem, deve-se iniciar a vistoria da lavoura desde o início da safra e, principalmente, quando a soja estiver próxima da floração, ao primeiro sinal da doença e, havendo condições favoráveis (chuva e/ou abundante formação de orvalho), poderá haver a necessidade de aplicação de fungicida. O monitoramento é uma estratégia fundamental no manejo desta doença e deve ser mais bem trabalhado entre os agricultores. O monitoramento contínuo é essencial para que a medida de controle possa ser adotada no momento correto, a fim de evitar reduções de produtividade. O método de controle com fungicidas só é eficiente quando baseado em um criterioso levantamento e conhecimento da ocorrência da doença em lavouras vizinhas e na mesma propriedade, sendo os preventivos sistêmicos do grupo das estrobirulinas, carboxomidas e triazóis os mais eficazes. Para o controle ser eficiente na área, a seleção do fungicida correto e a sua aplicação no momento certo são cruciais.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estado de Mato Grosso é atualmente o maior produtor de soja do Brasil. Sendo as doenças fatores que podem reduzir a produtividade da cultura, em casos severos até 80%, torna-se altamente necessário o conhecimento sobre as doenças da região.
O presente experimento, estando acessível para toda a turma, serviu como ponte de aprendizado para os alunos da disciplina. Que tendo acesso a cultura em campo, puderam monitorar o desenvolvimento das plantas e doenças desde o início, observando as características de cada sintoma bem como as influencias do ambiente no desenvolvimento dessas doenças, (como por exemplo o oídio, que tendo histórico na área, assim que o ambiente tornou-se propício rapidamente se desenvolveu na cultura). Podendo desta forma entender e relacionar as medidas de controle que hoje são adotadas para o controle destas doenças.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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