quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Mamona

VITRINE FITOPATOLÓGICA DA MAMONA
(Gabryel W. Z. C. de Alencar e Mekis Jhones R. da Silva)

A cultura da mamona se destaca por ser uma oleaginosa pouco exigente em termos de solo, clima, manejo cultural entre outras características. Se adapta bem em climas semiáridos, pouco cultivada em grandes escalas se tornou uma cultura de exploração familiar.
A região nordeste é o maior produtor de mamona no pais, após sofrer algumas decadências de produção e cultivo, tornou-se necessário a incrementação de novas tecnologias, afim de que houvesse a maior aceitação da cultura no mercado.
O óleo da mamona ou rícino possui propriedades incomuns dentre os ácidos graxos existentes nos vegetais, apresentando inúmeras utilidades vegetais. Outro uso bastante visado na indústria é o biodiesel a junção de diesel e o óleo da mamona.
O local escolhido para o desenvolvimento da vitrine fitopatológica foi a área experimental do IFMT Campus Parecis, onde no experimento foi utilizada a variedade AG IMA 110204 cultivada no dia 30/09/2016. O experimento foi dividido em 5 parcelas com dimensões de 5x5 metros totalizando uma área de 25 m² por parcela, onde a cultura foi submetida a diferentes tratamentos.
Para tratamento das sementes utilizou-se STANDAK TOP®, produto a base de fipronil pertencentes ao grupo do pirazol, controlando inseto e os fungicidas piraclostrobina do grupo das estrubirulinas e metil-tiofanato pertencente ao grupo dos benzimidazois.

      A aplicação de fungicida foi feita no dia 30/10/2016, trinta dias após o plantio da mamona sendo aplicação de Priori xtra®, pertencente ao grupo químico Azoxistrobina – Estrobilurina; Ciproconazol – Triazol. Sendo feito como curativo já que o patógeno se encontrava instalado na área. 
O uso de fungicidas visou o controle de Mancha de Alternária (
Alternaria ricini), já que a mesma é altamente favorecia pela alta umidade e temperatura e por surgir os sintomas nos primeiros estádios vegetativos, dependendo de fatores extrínsecos e intrínsecos.
            Figura 1: Emergência de plântulas de mamona.
        Fonte: ANDREOTTI, A.; IFMT – Campo Novo do Parecis, 2016.


DOENÇAS DA CULTURA DA MAMONA

MANCHA DE ALTERNARIAAlternaria ricini

Quando o patógeno se propaga de forma intensa e acelerada podem afetar o desenvolvimento das plântulas retardando-a, tornando-as subdesenvolvidas, em casos de ataque severo podem ocorrer a depauperamento da plântula. Com a distribuição do patógeno na planta ocorre o abortamento das folhas, reduzindo a área fotossintética e consequentemente menor produção, retardamento da planta entre outros problemas. Sendo amplamente distribuída ao longo de áreas cultivadas torna-se um problema cada vez mais recorrente nas culturas.
SINTOMAS: As manchas apresentam um aspecto zonado concêntrico, no centro aparecem as frutificações do fungo em condições de umidade elevada. Aquém das manchas no limbo foliar, o patógeno causa lesões escuras e deprimidas nas cápsulas e necrose no pedicelo, danificando a formação de sementes.
Outros sintomas são manchas irregulares de coloração marrom e má formação dos cotilédones, em plantas já desenvolvidas as manchas são circulares a elípticas, de coloração marrom, no início da colonização surgem isoladas coalescendo no decorrer do desenvolvimento do patógeno.
Figura 2: Sintomas de Mancha de Alternaria.
Fonte: ANDREOTTI, A.; IFMT – Campo Novo do Parecis, 2016.

EPIDEMIOLOGIA: sendo transportadas através do vento, agua e sementes contaminadas, as condições favoráveis são temperaturas amenas 22 °C a 26 °C e umidade relativa do ar superior a 80%. Quando o patógeno se encontra junto as sementes o problema pode se agravar já que a mesma ataca a plântula causando o retardamento, tombamento e morte da planta. Pode sobreviver em restos de cultura.
        CONTROLE: O melhor método de controle são o tratamento de semente, afim de inviabilizar a infecção do patógeno já no início de desenvolvimento, uso de cultivares resistentes e rotação com culturas não hospedeiras. A incorporação de restos culturais ameniza os efeitos de um futuro problema ocasionado pelo patógeno.

   MANCHA FOLIAR BACTERIANA - Xanthomonas axonopodis pv. ricini
Apesar de ser amplamente comum nas lavouras, as consequências econômicas são relativamente baixas. Temperaturas e umidade relativa do ar elevadas são fatores que aceleram seu desenvolvimento. A penetração das bactérias se dá pelos estômatos e ferimentos.
SINTOMAS: são pequenas manchas angulares e algumas vezes circulares, no limbo foliar, no início de desenvolvimento tem aspecto aquoso, característico de bactéria, coloração verde escuro, posteriormente torna-se castanho escuro. A queima da borda e centro esbranquiçado são sintomas característicos da presença de mancha foliar bacteriana.
Figura 3: Sintomas de Mancha foliar bacteriana.
Fonte: ANDREOTTI, A.; IFMT – Campo Novo do Parecis, 2016.

EPIDEMIOLOGIA: sua principal via de disseminação é pela agua, onde a bactéria e transportada e infecta a planta por aberturas naturais ou lesões. A predação por larvas minadoras favorece a entrada do patógeno.
CONTROLE: O uso de cultivares resistentes é uma estratégia eficaz no controle do patógeno, sendo o mais viável no controle, tendo em cenário o alto custo e pouca eficiência com controle químico.

CERCOSPORA Cercospora ricinella Sacc.& Berl

Patógeno responsável por ocasionar lesões necróticas nas folhas da mamona, tendo seu desenvolvimento lento e de difícil gravidade no desenvolvimento da planta, isso em algumas variedades tolerantes, já em variedades suscetíveis o desenvolvimento torna-se mais acelerado causando a total cobertura do limbo foliar pelo patógeno, ocasionando a desfolha.
Sendo favorecida por condições de alta umidade relativa do ar, sobre a área resignada foliar necrosado, normalmente são produzidos esporos do fungo, sendo os mesmos dispersos por vento, insetos e aguas da chuva. Podendo sobreviver em sementes, tornando sua propagação mais ampla.
 Em lavouras já desenvolvidas os danos podem ser expressivos, mas em plântulas ocasiona a morte e várias falhas na lavoura.
SINTOMAS: Os principais sintomas são pequenas manchas deprimidas, circulares ou de formato elíptico, com centro esbranquiçado e bordaduras marrom escuras. Ao se desenvolver as manchas se coalescem, em casos mais severos pode ocorrer a desfolha severa.
Figura 4: Sintomas de Cercóspora.
Fonte: ANDREOTTI, A.; IFMT – Campo Novo do Parecis, 2016.

EPIDEMIOLOGIA: Temperatura e umidade relativa do ar altas favorecem o desenvolvimento do patógeno, sendo disseminada pelo vento e agua.
CONTROLE: o uso de fungicidas químicos a base de triazóis pode ser uma alternativa para controle, mas não se tem produtos com registro para a mamona. Alguns manejos culturais como maior espaçamento, adubação equilibrada contribuem para redução da severidade da doença. O uso de variedades resistentes e o método mais indicado para controle.
Considerações finais
O objetivo do trabalho foi alcançado, sendo possível a ampliação do conhecimento e repassar a outras pessoas sobre as doenças que atacam a cultura da mamona. Mesmo com dificuldades na obtenção de informações por ser uma cultura pouco produzida, conseguiu- se observar a ocorrência, evolução e possíveis formas de manejo para controle de algumas doenças da mamoneira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SOARES, D. J.; COUTINHO, W. M.; ARAUJO, A. E.: Arvore do conhecimento – mamona. EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Brasília – DF.
KIIHL, T. A. M.: Doenças em mamona (Ricinus communis L.). APTA Regional. Pesquisa e tecnologia, vol. 3, n.1, janeiro - junho de 2006.
SILVA, D. V.: Trabalho sobre doenças de plantas oleaginosas. UFVJM – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.
AZEVEDO, M. P.; BELTRÃO, N.E. M.: O agronegócio da mamona no Brasil. EMBRAPA ALGODÃO. Campina Grande – PB. Ed. 2 ver. e ampl. Pág. 504. 2007.

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