quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Milho pipoca

VITRINE FITOPATOLÓGICA DO MILHO PIPOCA

(Artur Bender e Bruno Brandelero)

 
A cultura do milho-pipoca (Zea mays) possui origem nas Américas (México), derivado de uma planta conhecida por teosinto, de alto valor nutritivo e adaptada em climas quentes, o que facilitou seu cultivo em diversas regiões do mundo. Através de diversos processos de seleção e melhoramento, a cultura evoluiu para o que conhecemos como milho. O milho-pipoca é da mesma espécie do milho comum, sendo apenas um tipo especial de milho caracterizados por ter grãos pequenos, com capacidade de estourar quando submetidos a temperatura em torno de 180°C. Empresas estabelecidas na região tem disponibilizado aos seus associados, híbridos que possuem maior capacidade produtiva Estes híbridos, em sua grande maioria, são trazidos por empresas estrangeiras, normalmente dos Estados Unidos, com intuito de melhorar a produção tanto em quantidade como qualidade.
Segundo o Anuário Brasileiro de milho (2010 e 2011), o município de Campo Novo do Parecis é o maior produtor brasileiro de milho-pipoca com uma área cultivada de 15 mil hectares com uma produtividade média de 3200 kg.ha-1.
Com a expansão constante de áreas cultivadas com milho-pipoca e a tolerância á introdução da transgenia em sementes, o conhecimento e descrição dos patógenos, práticas culturais, moléculas de defensivos agrícolas disponíveis no mercado e o uso de híbridos resistentes e/ou altamente produtivos tornam-se os principais aliados do produtor-rural para garantir a sanidade da lavoura com o objetivo de além de manter uma alta produtividade conseguir preservar a qualidade de sua produção.

Área experimental 

A variedade utilizada foi AP6002 disponibilizada pela empresa Yoki vinda da AgLumini (EUA) Como a semente foi adquirida de empresas estrangeiras de direito privado afim de descobrir a adaptabilidade da variedade ás condições edafoclimáticas da região, a única informação autêntica disponibilizada foi o ciclo da variedade que varia entre 90 a 110 dias. Esta variação é devido a diferença entre o clima de origem da variedade (Temperado) em relação ao clima que esta sendo submetida (Tropical).
O experimento foi implantado no dia 10 de outubro de 2016. Em que foram divididas em 5 parcelas, sendo a 1° parcela sem tratamento de sementes, a 2° com tratamento de sementes, onde foi utilizado o Standak Top (200 ml/ para 100 kg de sementes);  a  3° parcela com tratamento de sementes + aplicação de fungicida preventivo; a  4° parcela com tratamento de sementes + aplicação de fungicida curativo e a 5° e última parcela com tratamento de sementes + aplicação de fungicida preventivo + aplicação de fungicida curativo. 

 O espaçamento utilizado foi de 0,70 m entre linhas. Adubação realizada antes da semeadura foi feita utilizando formulado 10-30-20 na dosagem de 250 kg há. Foi realizada adubação de cobertura com cloreto de potássio com 60 kg ha. E houve a aplicação do fungicida Opera do grupo Estrobilurina e Triazol, no dia 07 de novembro de 2016, 24 dias após a germinação.

DOENÇAS DA CULTURA DO MILHO PIPOCA

Cercosporiose (Cercospora zeae-maydis)

Inicialmente a doença foi observada no sudeste do estado de Goiás, atualmente a mesma está presente em praticamente em todas as áreas de cultivo no Brasil.
ETIOLOGIA: cercosporiose é provocada pelo fungo Cercospora  zeae-maydis, presente em praticamente todas as áreas de plantio do milho pipoca.
SINTOMAS: caracterizam-se por   manchas     de   coloração cinza, predominantemente retangulares, com as lesões desenvolvendo-se paralelas
às nervuras. Com o desenvolvimento dos sintomas da doença, pode ocorrer necrose de todo o tecido foliar. Em situações de ataques mais severos, as plantas tornam-se mais predispostas às infecções por patógenos no colmo, resultando em maior incidência de acamamento de plantas.

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Figura 1: sintomas da cercosporiose
Fonte: BENDER, A.; BRANDELERO,B., IFMT- Campus Parecis, 2016

Figura 2: sintomas da cercosporiose
Fonte: BENDER, A.; BRANDELERO,B., IFMT- Campus Parecis, 2016
EPIDEMIOLOGIA: A doença ocorre com alta severidade em cultivares suscetíveis podendo chegar a perdas de até 80%. Disseminação ocorrendo através de esporos e restos de cultura levados pelo vento e respingos de chuva.
CONTROLE: A principal medida de manejo da cercosporiose é a utilização de cultivares resistentes. Além disso, recomenda-se evitar a permanência de restos da cultura de milho em áreas em que a doença ocorreu com alta severidade, realizar a rotação com culturas não hospedeiras como a soja, o sorgo, o girassol, o algodão, realizar adubações de acordo com as recomendações técnicas para evitar desequilíbrios nutricionais nas plantas.
Em áreas com plantio de cultivares suscetíveis e sob condições ambientais favoráveis para a ocorrência da doença, o controle químico deve ser avaliado como uma opção para o manejo da doença, as moléculas recomendadas para a cultura são dos grupos dos triazóis e das estrobilurinas como o Priori Xtra da empresa Syngenta e o Nativo da Bayer CropScience.


Mancha Branca (Phaeosphaeria maydis)


A mancha branca ou pinta branca, é uma doença de ampla distribuição pelo território brasileiro. As perdas causadas por esta doença podem alcançar até 60% em ambientes favoráveis e com plantio de cultivares susceptíveis.
ETIOLOGIA: Mancha branca é provocada pelo patógeno Phaeosphaeria maydis, com seu desenvolvendo-se em grande velocidade, que em poucos dias as plantas passam de sadias para altamente afetadas.
SINTOMAS: Da doença iniciam-se como pequenas áreas de coloração verde pálido ou cloróticas, as quais crescem tornando-se com aspecto esbranquiçado com margens de cor marrom. Geralmente, os sintomas iniciam nas folhas do baixeiro da planta, progredindo rapidamente para as partes superiores, sendo mais severos após o pendoamento da planta.
Figura 3: sintomas de mancha branca
Fonte: BENDER, A.; BRANDELERO,B., IFMT- Campus Parecis, 2016

Figura 4: sintomas de mancha branca na folha do milho- pipoca
Fonte: BENDER, A.; BRANDELERO,B., IFMT- Campus Parecis, 2016
EPIDEMIOLOGIA: A disseminação do patógeno ocorre pelo vento e por respingos de chuva. A mancha branca é favorecida por temperaturas amenas (15 a 20 °C), elevada umidade relativa do ar, e elevada precipitação pluviométrica. O aumento da incidência e da severidade da doença é favorecido pela semeadura tardia, ausência de rotação de culturas e presença de restos culturais. Além desses fatores, o sistema de plantio direto também contribui para o aumento da severidade, uma vez que o fungo é saprófito, podendo permanecer em restos de cultura, incrementando o potencial de inóculo em áreas de cultivo.
CONTROLE: Como estratégia de controle desta doença pode-se citar o uso de materiais resistentes, o plantio antecipado e o controle químico.


Helmintosporiose (Exserohilum turcicum)

O patógeno causador desta doença está presente em todas as áreas cultivo de milho comum e pipoca do país, geralmente atacando as plantas no período de florescimento.
ETIOLOGIA: provocada pelo fungo Exserohilum turcicum, o patógeno sobrevive em folhas e colmos infectados, disseminados através de conídios pelo vento a longas distâncias.
SINTOMAS: são lesões necróticas, elípticas, variando de 2,5 a 15,0 cm de comprimento. O tecido necrosado das lesões varia de verde-cinza a marrom e, no interior das lesões, observa-se intensa esporulação do patógeno. Normalmente as lesões começam a aparecer nas folhas mais velhas da planta.

Figura 5: sintomas de helmintosporiose
Fonte: BENDER, A.; BRANDELERO,B., IFMT- Campus Parecis, 2016

Figura 6: sintomas de helmintosporiose na folha do milho- pipoca
Fonte: BENDER, A.; BRANDELERO,B., IFMT- Campus Parecis, 2016
EPIDEMIOLOGIA: O patógeno sobrevive na forma de micélio e conídios em restos de cultura. Pode haver a formação de estruturas de resistência, que podem permanecer na área por vários anos e servir de fonte de inóculo nos plantios sucessivos.
CONTROLE: é feito através do cultivo de variedades resistentes, rotação de cultura para quebrar o ciclo do patógeno e com o controle químico, porém existem poucas moléculas disponíveis no mercado.
Mancha de Diplodia (Diplodia macrospora)

A doença tem ocorrido com uma severidade entre baixa e média, no Brasil ainda não foram quantificados os danos e as perdas causadas.
ETIOLOGIA: Provocada pelo fungo Diplodia macrospora, sendo disseminado através de esporos e restos de culturas levados pelo vento e respingos de chuva.
SINTOMAS: As plantas atacadas por esse fungo apresentam, externamente, próximas aos entrenós inferiores, lesões marrons claras, quase negras, nas quais é possível observar a presença de pequenos pontinhos negros (picnídios). Internamente, o tecido da medula adquire coloração marrom, pode se desintegrar, permanecendo intactos somente os vasos lenhosos sobre os quais é possível observar a presença de picnídios.

Figura 7: sintomas de mancha de diplodia
Fonte: BENDER, A.; BRANDELERO,B., IFMT- Campus Parecis, 2016
EPIDEMIOLOGIA: As podridões do colmo causadas pelo fungo são favorecidas por temperaturas entre 28 e 30oC e alta umidade. Esses patógenos sobrevivem nos restos de cultura e nas sementes na forma micélios.
CONTROLE: Apresentam como único hospedeiro o milho e o milho-pipoca, o que torna a rotação de culturas uma medida eficiente para o manejo dessa doença.


Considerações finais

O trabalho desenvolvido no Campus do IFMT de Campo novo dos parecis, buscou um melhor aprendizado sobre as doenças da cultura do milho pipoca destacando o controle das mesmas, devido crescimento da agricultura no país e a demanda do mercado por uma produção que consiga suprir essa procura pelo produto, o manejo de doenças torna-se uma ferramenta indispensável para o cultivo de qualquer cultura. Portanto, a realização da pesquisa sobre as principais doenças da cultura do milho-pipoca e da vitrine fitopatológica proporciona o aprendizado, a responsabilidade e comprometimento do aluno com o trabalho no campo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERNANDES, F. T., OLIVEIRA, E. Principais moléstias na cultura do milho. Sete Lagoas: Embrapa-CNPMS, 1997. 80p.

FERNANDES, F. T.; OLIVEIRA, E. Principais doenças na cultura do milho. Sete Lagoas: EMBRAPA-CNPMS, 2000. 80p. (EMBRAPA-CNPMS.Circular Técnica, 26)
EMBRAPA. Cultivo do milho. Sistemas de produção. Versão eletrônica – 5ª edição. Setembro, 2009.

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