terça-feira, 17 de janeiro de 2017

FEIJÃO

VITRINE FITOPATOLÓGICA DO FEIJÃO
(Angelica S. Garcia e Gabryel W. Z. C. de Alencar)


O experimento foi realizado na área do IFMT- Campus Campo Novo do Parecis com a cultivar BRSMG Madrepérola, sendo ela de porte prostrado, hábito de crescimento indeterminado do tipo III com ciclo fisiológico de aproximadamente 83 dias. O preparo do solo feito por arado, e estaquia, plantio e adubação realizado manualmente entre o dia 28 e 29 de Setembro de 2016. O espaçamento entre plantas foi de 7cm, 45 cm entre linhas e 3 a 4 cm de profundidade.
Como tratamento de semente utilizou- se Standak Top do grupo pirazol e benzimidazois para controle de insetos e fungos que atacam no início do ciclo da planta.
O manejo para controle das plantas daninhas foi realizado de forma mecânica por arranquio e enxada. E para controle da Vaquinha (Diabrotica speciosa) e da mosca branca (Bemisia argentifolli) utilizou-se os inseticidas sistêmico e de contato, Engeo Pleno e Karate zeon respectivamente.
As doenças encontradas na área foram: Mela (Thanatephorus cucumeris), Antracnose (Colletotrichum lindemuthianum), Mancha de Alternaria (Alternaria alternata), Podridão Radicular de Rhizoctonia (Rhizoctonia solani), Podridão Cinzenta do Caule (Macrophomina phaseolina), Nematóide das galhas (Meloidogyne javanica e M. incógnita), Crestamento Bacteriano Comum – (Xanthomonas axonopodis pv. Phaseoli), Mosaico Dourado Do Feijoeiro (Bean golden mosaic virus – BMGV) e Mosaico Comum (Bean common mosaic vírus – BCMV).


Doenças do Feijoeiro


Mela (Thanatephorus cucumeris)

    Também conhecida como Murcha da teia micélica, é considerada de grande importância econômica para a cultura do feijoeiro, pois seu ataque pode chegar a ser irreversível na planta.
  
ETIOLOGIA: Doença fúngica causada pela fase anamórfica da Rhizoctonia solani.
SINTOMAS:     Doença foliar contendo manchas com característica aquosa se iniciando principalmente pelas bordas acinzentadas e não apresenta halo clorótico. Ao se desenvolver as manchas se tornam necrosadas, podendo atingir a planta completa com formação de micélio. Os sintomas da mela podem ser visualizadas do início do estadio vegetativo até o fim do reprodutivo.


Figura 1: sintomas de Mela
Fonte: ALENCAR, G.W.Z.C; GARCIA, A.S., IFMT- Campus Parecis, 2016
EPIDEMIOLOGIA: o fungo sobrevive por vários anos no solo na forma de escleródio, na forma de micélio sua sobrevivência ocorre em restos de cultura, tiguera e hospedeiro alternativo. Sendo que a disseminação ocorre por vento, chuva, implementos agrícolas, animais e principalmente por sementes.
CONTROLE: uso de sementes sadias; eliminação dos restos culturais na área de plantio, através de aração profunda; manter a área livre de plantas daninhas; utilizar espaçamento que permita a aeração do plantio e evite o acúmulo de umidade; usar cobertura morta como a casca de arroz que serve de barreira física entre o solo e a planta; manter as plantas em bom estado nutricional e evitar o plantio consecutivo da cultura na mesma área. Não houve aplicação de fungicida nas parcelas do experimento.


Antracnose (Colletotrichum lindemuthianum)
    Doença de grande importância que pode provocar até 100% de danos econômicos, sendo uma doença cosmopolita, sendo de maior importância em regiões temperadas e subtropicais. 

ETIOLOGIA: Doença fúngica contendo mais de 30 raças já identificadas. 
SINTOMAS: Tem como principais características coloração marrom nas nervuras das folhas, caules e pecíolos com lesões de coloração escura e alongado, e, a vagens apresentando lesões deprimidas do centro claro com bordo marrom escuro e halo pardo- avermelhado. Os sintomas podem aparecer logo após a emergência das plântulas, porém é mais recorrente no estádio reprodutivo.




Figura 2: sintomas da Antracnose no caule e folha
Fonte: ALENCAR, G.W.Z.C; GARCIA, A.S., IFMT- Campus Parecis, 2016 

EPIDEMIOLOGIA:     A sobrevivência do fungo ocorre principalmente no resto de cultura e sementes, ocorrendo também em tiguera e hospedeiro alternativo. Chuva, homem, insetos e principalmente sementes são as formas de disseminação do patógeno.
CONTROLE: A rotação de cultura, por no mínimo 1 ano, deve ser feita para evitar a ocorrência da doença no plantio seguinte e a perpetuação do fungo na área. Restos de cultura infestados devem ser eliminados do campo. O uso de cultivares resistentes é outra medida importante que tem contribuído para reduzir os danos causados pelo patógeno. O Controle químico é realizado quando necessário com produtos Benomyl, Clorothalonil e Oranis. Não houve aplicação de fungicida nas parcelas do experimento.




Mancha de Alternaria (Alternaria alternata)
    É uma doença que ataca a parte aérea da planta que passou a ser relatada em algumas regiões do Brasil, sendo ela considerada até pouco tempo uma doença secundária.
ETIOLOGIA: Doença fúngica causada pelo gênero Alternaria, contendo como principais espécies a Alternaria alternata, Alternaria cichori e Alternaria carthami. 
SINTOMAS: Apresenta inicialmente manchas irregulares de coloração marrom aquosas nas folhas e vagens. Com seu avanço de entágio, as manchas passam a conter forma circular, e coloração marrom- avermelhado podendo conter anéis concêntricos, secar e queda do centro da lesão. É comum a presença de halo clorótico em torno da lesã. Nas vagens as lesões são pequenas e escuras, e, sementes apresentam descoloração acinzentadas e riscas marrons. Os sintomas podem ser vistos durante todo o ciclo da cultura.



Figura 3: sintoma da mancha de alternaria
Fonte: ALENCAR, G.W.Z.C; GARCIA, A.S., IFMT- Campus Parecis, 2016
EPIDEMIOLOGIA: Sobrevive de forma saprofítica sobre o resto de culturas e daninhas, ocorrendo também em tiguera, hospedeiro alternativo e plantas daninhas. Sua disseminação ocorre a partir de sementes contaminadas, vento, chuva e por partículas de solo infestada. 
CONTROLE: A utilização de sementes sadias, uso de cultivares resistentes, tratamento químico e eliminação de restos de cultura, tiguera, hospedeiro alternativo e plantas daninhas são formas de controle da doença na área. Para o tratamento químico se recomenda utilização do Mancozeb, Iprodione e Trifenil hidróxido de estanho. Não houve aplicação de fungicida nas parcelas do experimento.




Podridão Radicular de Rhizoctonia (Rhizoctonia solani)

É uma doença de grande importância economia, pois é responsável por diminuir estande e produtividade da lavoura. Sendo uma doença comum da América Latina e algumas outras regiões do mundo.  
ETIOLOGIA: Rhizoctonia solani é um fungo da subdivisão Deuteromycotina, sendo a fase sexuada o Thanatephorus cucumeris.
SINTOMAS: Na parte basal do hipocótilo e raiz principal se tem a presença de lesões de coloração marrom- avermelhado, de forma deprimida e contendo bordos delimitados. Em estágio mais avançado as lesões tornam- se crancos avermelhados. A destruição da raiz principal pode ser completa, sendo as plântulas altamente suscetíveis ao ataque dessa doença. No momento da emergência da plântula, pode ocorrer o estrangulamento levando ao “Damping-off” de pré e pós- emergência. As vagens podem ser afetadas quando em contato com o solo, acarretando em lesões aquosas ou manchas marrons e nas sementes manchas amareladas ou esbranquiçadas. A ocorrência do fungo é maior em pré e pós- emergência, porém pode ocorrer após o desenvolvimento vegetativo da planta.

Figura 4: sintoma da Rhizoctonia solani
Fonte: ALENCAR, G.W.Z.C; GARCIA, A.S., IFMT- Campus Parecis, 2016
EPIDEMIOLOGIA: A sobrevivência ocorre na forma de escleródios no solo e como micélio associado a matéria orgânica ou plantas perenes, hospedeiros alternativos e tiguera também é importante para a sobrevivência do fungo. A disseminação ocorre por semente, transporte de solo e resto de cultura infectados, chuva, irrigação e através de implementos agrícolas.
CONTROLE: É importante fazer rotação de cultura de modo a reduzir o inóculo presente na área. Utilização de sementes sadias e de boa procedência. O tratamento de sementes com fungicidas é importante para proteger plântulas em início de desenvolvimento. No controle químico utiliza- se Monceren 250 sc e no tratamento de sementes com Standak Top.
Não houve aplicação de fungicida nas parcelas do experimento, apenas o Tratamento de sementes com Standak Top.



Podridão Cinzenta do Caule (Macrophomina phaseolina)
    Doença de clima seco e quente, sendo no Brasil uma doença de importância secundária, ficando restrita a regiões que mantém alta temperatura por vários dias seguidos.
ETIOLOGIA: Doença fúngica causado pela Macrofhomina phaseolina.
SINTOMAS: Os sintomas iniciais são lesões irregulares, ligeiramente deprimidas e escuras na haste. Essas lesões passam a ter coloração cinza acarretando em clorose da parte aérea da planta, e o caule enfraquece podendo os ramos ficar quebradiço. Em ataques mais severos se observa pontuações arredondadas de coloração negra formada por picnídios e escleródios do patógeno. O fungo aparece durante todo o ciclo da planta, sendo mais comum após a formação do período vegetativo da planta.

Figura 5: sintoma da Macrophomina phaseolina na haste.
Fonte: ALENCAR, G.W.Z.C; GARCIA, A.S., IFMT- Campus Parecis, 2016




Figura 6: Analise em laboratório da Macrophomina phaseolina
Fonte: ALENCAR, G.W.Z.C; GARCIA, A.S., IFMT- Campus Parecis, 2016

Figura 7: Analise em laboratório da Macrophomina phaseolina
Fonte: ALENCAR, G.W.Z.C; GARCIA, A.S., IFMT- Campus Parecis, 2016


EPIDEMIOLOGIA: O patógeno pode sobreviver no solo na forma de escleródio, em restos culturais na forma de picnídios e hospedeiros alternativos. E a disseminação ocorre por chuva, irrigação, implementos agrícolas, vento, animais e sementes contaminadas.
CONTROLE: Medidas de controle incluem o uso de sementes sadias, eliminação de restos de cultura infestados e rotação com espécies não hospedeiras. Não houve aplicação de fungicida nas parcelas do experimento.




Nematoide das galhas (Meloidogyne javanica e M. incógnita)


    Considerado de grande importância econômica, os danos causados nas lavouras podem chegar a 50%. Em que o seu ataque ocorre de forma direta nas raízes tornando-se de difícil detecção da doença.
SINTOMAS: tem características mais visíveis quando se analisa a raiz da planta, observando o engrossamento da raiz no ponto que o nematoide penetra. Na parte aérea se observa o prejuízo pela redução da qualidade e quantidade de frutos. Ataca as raízes da planta durante o ciclo todo da cultura.
Figura 8: Sintoma do Nematoide
Fonte: ALENCAR, G.W.Z.C; GARCIA, A.S., IFMT- Campus Parecis, 2016 


CONTROLE: Medidas de controle para o M. javanica e M. incognita depende de um conjunto de técnicas de manejo como a limpeza de maquinário e equipamentos, rotação de cultura, sendo principalmente com Crotalaria spectabilis, Crotalaria ochroleuca e Braquiária, eliminação de tiguera e eliminar hospedeiros alternativos. Não é muito utilizado nematicida para controle do nematoides. Não houve aplicação de nematicida nas parcelas do experimento.


Crestamento Bacteriano Comum – (Xanthomonas axonopodis pv. Phaseoli)


    Considerado como uma doença de importância econômica chegando até 45% de danos na lavoura, o crestamento bacteriano é uma doença cosmopolita sendo encontrada principalmente em regiões quentes e úmidas. No Brasil é de grande problema nas regiões Sudeste, Sul e Centro- Oeste, principalmente na safra das águas. 
ETIOLOGIA: Doença bacteriana causada pela Xanthomonas axonopodis pv. Phaseoli, responsável pelo crestamento bacteriano comum, já a Xanthomonas axonopodis var fuscans é o agente causal do crestamento bacteriano fosco do feijoeiro.
SINTOMAS: A doença é causada por uma bactéria que se manifesta em toda a parte aérea da planta. Nas folhas, as lesões inicialmente são visíveis na face inferior, onde são pequenas e encharcadas e, à medida que se desenvolvem, os tecidos tornam-se secos e quebradiços, circundados por um halo amarelado facilmente observado na face superior das folhas. No caule as lesões são avermelhadas, alongadas e encharcadas, e nas vagens as lesões são avermelhadas de aspecto necrótico, variando na forma e tamanho. Os sintomas aparecem desde o período vegetativo até o final do estadio reprodutivo.

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Figura 9: Sintoma do Crestamento Bacteriano Comum
Fonte: ALENCAR, G.W.Z.C; GARCIA, A.S., IFMT- Campus Parecis, 2016


EPIDEMIOLOGIA: Sua sobrevivência pode ocorrer de forma hipobiótica externa ou internamente da semente, em restos de cultura, matéria seca, hospedeiros alternativos e em algumas plantas daninhas. A disseminação da doença ocorre através de chuva, irrigação, insetos e sementes.
CONTROLE: Para controle dessa doença é necessária utilização de sementes de boa qualidade, revolvimento do solo, eliminação de tiguera, hospedeiros alternativos e plantas daninhas. O controle da qualidade da água para irrigação é de grande importância para evitar a disseminação da bactéria. Não houve controle químico no experimento.




Mosaico Dourado Do Feijoeiro (Bean golden mosaic virus – BMGV)


    Primeiros relatos da doença no Brasil se teve no ano de 1965. A partir da década de 70 o Mosaico Dourado foi considerado a doença virótica de maior importância econômica nas regiões produtoras de feijão no Brasil.
ETIOLOGIA: Doença virótica casado pelo Bean golden mosaic virus – BMGV.
SINTOMAS: são plantas com predominância de encarquilhamento que sofrem drástica redução em tamanho, podendo ocorrer deformação das brotações laterais. A medida que as folhas desenvolvem-se, as cloroses nas nervuras transformam-se em pequenas manchas amareladas, conferindo um aspecto salpicado ao limbo foliar. Os sintomas aparecem durante todo o ciclo da cultura.

Figura 10: Sintoma do Mosaico Dourado
Fonte: ALENCAR, G.W.Z.C; GARCIA, A.S., IFMT- Campus Parecis, 2016 

EPIDEMIOLOGIA: A sobrevivência do vírus ocorre em tiguera e hospedeiros alternativos (leguminosas). E sua disseminação ocorre a partir do vetor mosca branca (Bemisia argentifolli).
CONTROLE: Deve ser o uso de variedades resistentes ou tolerantes é a medida mais eficiente de controle, deve-se também fazer o controle do vetor que transmite o vírus. Não se recomenda o uso de produtos químicos para controle do vírus.




Mosaico Comum (Bean common mosaic vírus – BCMV) 

    É a primeira fitovirose relatada mundialmente, sendo de grande importância econômica no início, pois não se tinha cultivares resistentes. Se não tiver controle pode-se ter de 50 a 100% de danos na lavoura.
ETIOLOGIA: Doença virótica causado pelo Bean common mosaic vírus – BCMV.
SINTOMAS: Os sintomas mais comuns são os em forma de mosaico, manifestando-se em cultivares infectadas um mosaico composto por áreas verde-claro intercaladas por áreas verdes normais e na maioria das vezes apresentando rugosidade e enrolamento das folhas. Estas folhas frequentemente são menores que as folhas sadias. Os folíolos das plantas infectadas podem apresentar-se com formato mais alongado que os das plantas normais. As plantas infectadas apresentam crescimento reduzido e às vezes atrofiamento com deformações nas vagens e botões florais. O vírus ataca desde o início do estadio vegetativo até o fim do estadio reprodutivo.
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Figura 11: Sintoma do Mosaico Comum na folha do lado esquerdo, e do Mosaico Dourado ao lado direito.
Fonte: ALENCAR, G.W.Z.C; GARCIA, A.S., IFMT- Campus Parecis, 2016 

EPIDEMIOLOGIA: O vírus sobrevive em tiguera, hospedeiros alternativos e sementes. E a disseminação ocorre principalmente por afídeos (pulgão) e pelas sementes.
CONTROLE: O controle mais eficiente do BCMV é o uso de variedades resistentes e uso de inseticidas para controle de pulgões. Não recomendado o uso de produtos químicos para controle da doença.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
         Após a finalização do experimento, concluiu- se que é de grande importância o conhecimento das principais doenças que atacam a cultura do feijão bem como o ciclo evolutivo, disseminação e formas de sobrevivência na área, possibilitando assim a criação de um manejo adequado para o controle do patógeno, impedindo que ocorra prejuízos econômico da lavoura.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


KIMATI, H. et al. Manual de Fitopatologia II. 4. ed. São Paulo: Agronômica Ceres Ltda, pg 477 - 488.

VIEIRA, Clibas.        et al. FEIJÃO. 2.ed. Viçosa: UFV.
        
 

 

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