terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Sorgo


(Marcelo N. de Oliveira e Pamela L. T. Correia)

O sorgo é o quinto cereal mais importante no mundo, antecedido pelo trigo, o arroz, o milho e a cevada. É alimento humano em muitos países da África, do Sul da Ásia e da América Central e importante componente da alimentação animal nos Estados Unidos, na Austrália e na América do Sul.
Os grãos do sorgo são úteis na produção de farinha para panificação, amido industrial e álcool e como forragem ou cobertura de solo. O sorgo é de origem africana, mas não muito cultivado no seu continente de origem. Foi introduzido no Brasil em meados do século XX, tendo como principais regiões produtoras São Paulo e o Rio Grande do Sul. É um cereal rústico e tolerante a deficiência hídrica, cultivada em todas as regiões brasileiras.
A cultura está sujeita a ocorrência de um grande número de doenças, cuja severidade varia de ano para ano, e de local para local em função, também, dos agentes causais e da resistência do hospedeiro. Alguns patógenos podem ser limitantes a qualidade e quantidade de produção.
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Figura 1: Cultura do Sorgo no estádio fenológico EC1.
Fonte: TORQUATO, Pamela; NUNES, Marcelo 2016 – IFMT- Campus Campo Novo do Parecis.


O experimento foi instalado no dia 28 de Setembro de 2016, constituído por 5 parcelas de 5x5 metros. Cada parcela obteve os seguintes tratamentos: primeira parcela sem tratamento de semente (TS), segunda parcela com tratamento de semente, terceira parcela com tratamento de semente e fungicida curativo, quarta parcela com tratamento de semente e fungicida preventivo e a quinta parcela livre a escolha dos discentes a ser decidido aplicar qualquer determinado tratamento, onde na cultura do Sorgo utilizamos sem tratamento de semente com fungicida preventivo e curativo.
O tratamento de semente utilizado foi o produto Standak Top, o adubo utilizado foi o 10 30 20 (NPK), foram semeadas 6 sementes com o espaçamento entre plantas de 0,10cm, com profundidade de 2cm e o espaçamento entre linhas de 0,45 cm.
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Figura 2: Área experimental da cultura do Sorgo
Fonte: TORQUATO, Pamela; NUNES, Marcelo 2016 – IFMT- Campus Campo Novo do Parecis.


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Figura 3: Semente utilizada para o plantio da cultura do Sorgo.
Fonte: Seprotec Tecnologia em Sementes.

A cultivar implantada foi Sorgo Forrageiro Sacarino Silotec 20, com florescimento de 95 dias e ciclo entre 105 a 125 dias. Seu ciclo divide-se em três fases: EC1 que vai do plantio da germinação até a iniciação da panícula é muito importante à rapidez da germinação, emergência e estabelecimento da plântula, uma vez que a planta é pequena, tem um crescimento inicial lento e um pobre controle de plantas daninhas nesta fase pode reduzir seriamente o rendimento de grãos.
EC2 que compreende a iniciação da panícula até o florescimento, vários processos de crescimento, se afetados, poderão comprometer o rendimento. São eles: desenvolvimento da área foliar, sistema radicular, acumulação de matéria seca e o estabelecimento de um número potencial de sementes. Esse último é provavelmente o mais crítico desde que maior número de grãos tem sido geralmente o mais importante componente de produção associado ao aumento de rendimento em sorgo.
Na terceira fase de crescimento (EC3) que vai da floração a maturação fisiológica os fatores considerados mais importantes são aqueles relacionados ao enchimento de grãos. (EMBRAPA – 2016).   Considerada uma variedade resistente a doença Ergot (conhecida como a Doença Açucarada do Sorgo) e Acamamento, também tolerante a seca.
Com aproximadamente 45 dias observamos a primeira doença na cultura, a qual foi a Mancha Foliar de Pyricularia, onde tivemos problemas ao identificá-la. Porém, o foco maior de doença seria a Antracnose porque é umas das doenças mais severas que ataca esta cultura.
Sendo assim, com imprevistos na área e principalmente, problemas climáticos onde implantamos a cultura em uma época com muitos períodos de chuva na região não realizamos as aplicações dos fungicidas nas determinadas parcelas. O recomendado seria realizar as aplicações dos fungicidas com 30 dias após a emergência e germinação das sementes, e 45 dias depois desta primeira aplicação.
Entretanto, tivemos também problemas com duas parcelas onde as plantas não acompanharam o desenvolvimento das outras linhas de plantio, como pode observar-se na Figura 4. Concluímos que poderia ser problemas no solo, onde este caso podemos comprovar com uma analise de solo realizada em laboratório.
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Figura 4: Falha no desenvolvimento das plantas em ambas as parcelas.
Fonte: TORQUATO, Pamela; NUNES, Marcelo 2016 – IFMT- Campus Campo Novo do Parecis.




Durante a terceira semana após a germinação da cultura do Sorgo realizamos a primeira aplicação de inseticida Engeo™ Pleno, onde é recomendado para a cultura 75-100 ml para Vaquinha e 150-200 ml/ha para Lagarta Militar entre outras.
Utilizamos a dosagem de 2 ml para 5 litros de água, realizamos a aplicação no dia 28/10/2016. E também, realizamos a limpeza na área semanalmente para evitar as plantas daninhas. Mas devido ao clima, este controle não pode ser totalmente eficaz em todas as parcelas, somente nos corredores das parcelas (interior e exterior de ambas as parcelas).

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Figura 5: Capina nas parcelas da cultura do Sorgo.
Fonte: TORQUATO, Pamela; NUNES, Marcelo 2016 – IFMT- Campus Campo Novo do Parecis.


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Figura 6: Aplicação de inseticida na cultura do Sorgo.
Fonte: TORQUATO, Pamela; NUNES, Marcelo 2016 – IFMT- Campus Campo Novo do Parecis.



As doenças que apareceram na área foram: Antracnose, Helmintosporiose e Mancha foliar de Pyricularia. Segue as descrições das doenças abaixo.

ANTRACNOSE NO SORGO (Colletotrichum sublineolum)

A antracnose foi descrita pela primeira vez em sorgo, no Texas (EUA), em 1912. Desde então, tem sido relatada em todo o mundo, especialmente em áreas quentes e úmidas. No Brasil, essa doença foi relatada pela primeira vez em São Paulo, em 1934 em Sorgum sp. É a doença mais importante da cultura do sorgo pela sua ampla distribuição geográfica e pelos danos que ocasiona, constituindo-se, inclusive, em sério fator limitante da produção. Em cultivares suscetíveis, têm sido constatadas perdas de até 88% da produção de grãos.


ETIOLOGIA: A antracnose é causada pelo patógeno Colletotrichum graminicola, cuja fase teleomórfica corresponde ao ascomiceto Glomerella graminicola. Seus conídios são produzidos em acérvulos e apresentam-se aglutinados numa massa gelatinosa, que se dissolve em água. Acérvulos produzidos no hospedeiro são marrom-escuros, ovais a cilíndricos.
Os conidióforos são eretos, hialinos, não septados e escuros. Conídios formam-se terminalmente nos conidióforos, entre as setas. São hialinos, não septados e falciformes quando maduros. Peritécios da Glomerella graminicola raramente são observados na natureza. Os ascos são cilíndricos a clavados e têm um poro no ápice. Os ascósporos são hialinos, unicelulares, curvos e afilados nos pólos.
A antracnose é causada pelo patógeno Colletotrichum graminicola, cuja fase teleomórfica corresponde ao ascomiceto Glomerella graminicola. Seus conídios são produzidos em acérvulos e apresentam-se aglutinados numa massa gelatinosa, que se dissolve em água. Acérvulos produzidos no hospedeiro são marrom-escuros, ovais a cilíndricos.
Os conidióforos são eretos, hialinos, não septados e escuros. Conídios formam-se terminalmente nos conidióforos, entre as setas. São hialinos, não septados e falciformes quando maduros. Peritécios da Glomerella graminicola raramente são observados na natureza. Os ascos são cilíndricos a clavados e têm um poro no ápice. Os ascósporos são hialinos, unicelulares, curvos e afilados nos pólos.
SINTOMAS:  Os sintomas da doença se expressam em três fases; fase foliar, podridão de colmo e antracnose da panícula e grãos. A fase foliar da antracnose prevalece a partir do desenvolvimento da panícula, podendo, entretanto, ocorrer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta. A fase foliar da antracnose pode ocorrer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, entretanto nos cultivares suscetíveis têm sido observadas 30 a 40 dias após a emergência.
Os principais sintomas caracterizam-se por lesões elípticas a circulares, com até 5 mm de diâmetro. As manchas se desenvolvem de pequenos centros circulares de coloração acinzentada, com a presença de margens avermelhadas, ou castanhas dependendo da cultivar.
A infecção da nervura central da folha (pode ocorrer nos cultivares que não apresentam os sintomas foliares da doença, sendo assim a infecção da nervura pode ser considerada independente à infecção foliar. As lesões na nervura central se caracterizam pelo formato elíptico a alongado, de coloração avermelhada a preta.

Figura 7: Sintoma de Antracnose na folha.
Fonte: TORQUATO, Pamela; NUNES, Marcelo 2016 – IFMT- Campus Campo Novo do Parecis.


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Figura 8: Sintoma de Antracnose na folha.
Fonte: TORQUATO, Pamela; NUNES, Marcelo 2016 – IFMT- Campus Campo Novo do Parecis.


  EPIDEMIOLOGIA: A sobrevivência do fungo ocorre em restos de cultura, por cerca de 18 meses, em espécies de sorgo selvagem (Sorgumsp) e também em sementes infectadas, onde localiza-se freqüentemente no pericarpo, ocasionalmente no endosperma e raramente no embrião. O fungo pode sobreviver como microescleródios, micélio e conídios nos restos de cultura. A disseminação do patógeno dá-se principalmente por respingos de água, por sementes e em menor proporção através do vento.
Em sementes, o patógeno pode sobreviver até dois anos quando são armazenadas em condições ambientais e três anos ou mais, quando armazenadas em baixa temperatura. A penetração do patógeno ocorre diretamente através da epiderme do hospedeiro e por estômatos. 
A antracnose pode atacar toda a parte aérea da planta de sorgo.  Os ataques mais severos da antracnose ocorre em períodos prolongados de temperatura e umidade elevadas, coincidindo com a fase de formação dos grãos.

CONTROLE: A principal medida de controle da antracnose é a utilização de cultivares resistentes. Entretanto, essa prática tem sido dificultada devido à alta variabilidade apresentada pelo fungo, fazendo assim com que a cultivar resistente seja superada pela adaptação rápida de uma nova raça do patógeno. 
Outras medidas devem estar também associadas ao manejo da antracnose do sorgo, como a rotação de culturas, a eliminação de restos culturais e de gramíneas hospedeiras nas quais o patógeno possa sobreviver.
Tais medidas além de reduzirem o potencial de inoculo na área, contribuem também para aumentar a durabilidade da resistência. O controle químico deve ser utilizado quando necessário, a associação de fungicidas tem mostrado bons resultados, principalmente a aplicação de Epoxiconazole + Pyraclostrobina, seguido de Ciproconazole + Azoxistrobina.

HELMINTOSPORIOSE NO SORGO (Exserohilum turcicum)

A helmintosporiose é uma doença que ocorre em todas as regiões úmidas onde se cultiva o sorgo. Danos severos têm sido observados nos EUA, Argentina, México e Israel. Em variedades suscetíveis, sua ocorrência antes da formação da panícula pode acarretar redução na produção acima de 50% e predispor as plantas e microrganismos causadores de podridões de colmos.
No Brasil, sua importância é maior em sorgo vassoura e em certas variedades de sorgo forrageiro. É comum também sua ocorrência em plantas de “safrinha”. A maioria dos híbridos comerciais de sorgo granífero tem bom nível de resistência.

ETIOLOGIA: A helmintosporiose é causada pelo fungo Exserohilum turcicum medem  10-20 x 28-153 mm são formados isoladamente nas extremidades dos conidióforos. Seus conídios, após o crescimento em meio de cultura, apresentam-se retos ou ligeiramente curvos, cor verde-oliva a cinza, com halo externo e protuberante.
A helmintosporiose é causada pelo fungo Exserohilum turcicum medem  10-20 x 28-153 mm são formados isoladamente nas extremidades dos conidióforos. Seus conídios, após o crescimento em meio de cultura, apresentam-se retos ou ligeiramente curvos, cor verde-oliva a cinza, com halo externo e protuberante.
SINTOMAS: Os sintomas aparecem nas folhas mais velhas e progride para as mais novas. Nas folhas, os sintomas aparecem como lesões necróticas, elípticas (5-10 cm de comprimento) com bordos bem definidos e de coloração palha, tornando-se de cor acinzentada quando o fungo frutifica. As lesões variam de acordo com o nível de resistência do hospedeiro. Em variedades suscetíveis, a coalescência de lesões dá as folhas um aspecto de queima, podendo levá-la à morte.


Figura 9: Sintoma de Helmintosporiose na folha.
Fonte: TORQUATO, Pamela; NUNES, Marcelo 2016 – IFMT- Campus Campo Novo do Parecis.


Figura 10: Sintoma de Helmintosporiose na folha.
Fonte: TORQUATO, Pamela; NUNES, Marcelo 2016 – IFMT- Campus Campo Novo do Parecis.


EPIDEMIOLOGIA: O fungo sobrevive em restos de cultura, sementes, plantas remanescentes e outros hospedeiros. O fungo sobrevive como micélio e conídios em restos culturais infectados deixados no solo. Os conídios são disseminados por sementes, por respingos de água e principalmente pelo vento. A helmintosporiose é favorecida por temperaturas moderadas (18 a 27 ºC) e alta umidade, principalmente na forma de orvalho. 



CONTROLE: A doença pode ser controlada pelo uso de variedades resistentes, onde dois tipos de resistência são conhecidos; a poligênica, onde ocorrem lesões pequenas e pouco numerosas, e a monogênica, onde se verificam reações de hipersensibilidade ou ausência de lesões. Outras práticas que reduzem o inóculo primário com rotação de cultura com plantas hospedeiras, destruição de restos de cultura e eliminação de plantas remanescentes são também recomendadas.
Existem fungicidas, como os pertencentes aos grupos químicos dos triazóis e estrobilurinas, que apresentam elevada eficiência no controle da doença. No entanto, não existem produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que possam ser recomendados para essa enfermidade.

MANCHA FOLIAR DE PYRICULARIA
O fungo Pyricularia grisea é um dos principais patógenos causadores de queima foliar na cultura do milheto no Brasil. Identificada inicialmente nos Estados Unidos na década de 60, essa doença foi detectada pela primeira vez no Brasil no ano de 1998 na região do Distrito Federal. Sob condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da doença, as perdas na produtividade podem ser superiores a 50% em genótipos suscetíveis.
ETIOLOGIA: A mancha foliar de Pyricularia possui pontuações (“flecks”) de coloração marrom que aumentam de tamanho e adquire à coloração marrom escura, centro varia de cinza a marrom claro. O fungo é perpetuado através da formação de esporos assexuais e conídios, chuvas frequentes e plantios adensados favorecem o aparecimento do fungo.


SINTOMAS: Os sintomas iniciais da Mancha de Pyricularia são caracterizados pelo aparecimento de numerosas pontuações (“flecks”) de coloração marrom que aumentam de tamanho e adquirem a coloração marrom escura. Com o desenvolvimento da doença, as lesões, de formato circular a elíptico, apresentam as bordas de coloração marrom escura e o centro variando de cinza a marrom claro. É frequente a presença de um halo amarelo-clorótico em torno das lesões. Com o tempo, o número e o tamanho das lesões aumentam, causando uma extensa necrose da área foliar. Os sintomas podem ser também observados no colmo, na panícula e no pedúnculo.




Figura 11: Sintoma de Mancha foliar de Pyricularia no Sorgo.
Fonte: TORQUATO, Pamela; NUNES, Marcelo 2016 – IFMT- Campus Campo Novo do Parecis.


Figura 12: Sintoma de Mancha foliar de Pyricularia no Sorgo.
Fonte: TORQUATO, Pamela; NUNES, Marcelo 2016 – IFMT- Campus Campo Novo do Parecis.


EPIDEMIOLOGIA: O desenvolvimento da Mancha de Pyricularia é favorecido por condições de clima quente (> 25°C), elevada umidade relativa do ar e ocorrência de chuvas frequentes. A severidade da doença é variável de estação para estação de plantio e é favorecida por plantios adensados.
CONTROLE:As principais medidas recomendadas para o manejo da Mancha de Pyricularia são utilização de cultivares resistentes, rotação de culturas, incorporação de restos culturais, época de plantio visando a evitar períodos cujas condições de clima são mais favoráveis ao desenvolvimento da doença, manejo de irrigação e utilização de sementes sadias e tratadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o fim do trabalho pode- se concluir que o controle das doenças que atacam a cultura do sorgo é de grande importância, pois, é a forma que se tem para evitar prejuízo na produtividade da lavoura. Sendo que, foi possível verificar a ocorrência de algumas doenças na área experimental, assim como evolução e formas de manejos que serviram como fundamental forma de aprendizagem para os alunos, sendo possível a partir de então o compartilhamento destas informações para outras pessoas a partir do Blogger.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


EMBRAPA CULTIVO MILHO E SORGO- 2016


CAMARGO, L.E.A, REZENDE, J.A.M, et al. MANUAL DE FITOPATOLOGIA – DOENÇAS DAS PLANTAS CULTIVADAS, Vol. 02, 1997.

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