terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Arroz


VITRINE FITOPATOLÓGICA DO ARROZ
(Mekis Jhones e Renieli Ben)


 
O arroz tem relatos de cultivo já por volta do ano 3000 a.C., tendo como origens o sudeste da Ásia (Oryza rufipogon) e a África Ocidental (Oryza Barthii), da Ásia surgiu a espécie Oryza sativa, sendo introduzida em diversos países através do comércio. Sendo atualmente a espécie mais cultivada em todo mundo.
No cerrado brasileiro se adaptou bem por ser pouco exigente em insumos e tolerante a solos ácidos, mas com adubação e correção desse solo para poder abrigar a cultura, o desenvolvimento do arroz torna-se mais viável e rentável.  A área de cultivo de arroz reduziu devido ao grande avanço de monoculturas como soja e milho, culturas de maior valor econômico se equiparado ao do arroz.
O arroz cultivado e uma planta herbácea monocotiledônea, ordem Poales, família Poaceae, pertencente ao gênero Oryza, sendo uma gramínea anual, rotulada de planta C-3, adaptada ao ambiente aquático devido a presença de aerênquima no colmo e nas raízes da planta, o ciclo do vegetal varia de 110 e 155 dias.
Experimento
O experimento foi instalado em Campo Novo do Parecis, (13°40'36.4"S 57°47'24.6"W) com altitude de 562°, centro-oeste do Estado do Mato Grosso, durante o ano agrícola 2016/2017, em um Latossolo Vermelho Distrófico. O clima da região é equatorial e tropical quente e úmido, com temperatura anual média de 24°C, precipitação média anual de 1.900 a 2.400 mm e umidade média anual de 65%.
O plantio foi dividido em cinco blocos, sendo cada bloco de dimensão de 5 metros de largura por 5 metros de comprimento. A variedade utilizada foi a AN CAMBARA, porte médio, ciclo de 105 dias, florescimento em torno de 75 dias.
Para tratamento de sementes utilizou-se Standak Top® cuja formulação contém as moléculas Piraclostrobina, Metil Tiofanato e Fipronil, pertencente ao grupo das estrobilurinas, benzimidazol e pirazol respectivamente, sendo utilizado aproximadamente 200 ml para 100 kg de sementes, o espaçamento utilizado foi de 0,45 m entre linhas, entre plantas não há necessidade de espaçamento. Sendo feito preventivo 27 dias após germinação, o fungicida utilizado foi o Priori xtra®, pertencente ao grupo químico Azoxistrobina – Estrobilurina; Ciproconazol – Triazol, foi utilizado 1,5 ml de Priori xtra®, sendo diluído em 750 ml de água, proporcional a 50 m2. O controle preventivo visou o controle da Brusone (Pyricularia gresea) principal doença da cultura.
Sendo realizado o cultivo no dia 29/09/2016, foi efetivado adubação da área, com formulado NPK (10-30-20) e com 30 dias foi realizado adubação de cobertura nitrogenada MAP (Fosfato Monoamônico – NH4H2PO4), 20 a 30 kg por ha-1.
Figura 1: Cultura do Arroz.
Fonte: Bem, R.; IFMT – Campo Novo do Parecis, 2016.

Figura 2: Cultura do arroz.
Fonte: Bem, R.; IFMT – Campo Novo do Parecis, 2016.
 

DOENÇAS DA CULTURA DO ARROZ

BRUSONE (Pyricularia grisea)

IMPORTÂNCIA: Dentre as doenças do arroz a que proporciona mais dano é a brusone, podendo ocasionar até 100% de dano, ocorrendo em todo território brasileiro, sendo maior em arroz de terras altas (sequeiros), o fungo possui a capacidade de atacar outras gramíneas de importância econômica como trigo, milheto e cevada.
Quando em plântulas, a infecção ocorre pela vinda de esporos junto com a semente ou inóculo já presente na área, causando então lesões nas folhas logo no início do ciclo vegetativo da cultura. O patógeno pode atacar diferentes partes da panícula, como ráquis, ramificações primárias e secundárias e pedicelos, também podem ser infectados.
SINTOMAS: Primeiramente os sintomas nas folhas são o desenvolvimento de pequenas lesões necróticas, coloração marrom, que evoluem, coalescendo, tornando se elípticas, com margem marrom e centro acinzentado.
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Figura 3: Sintomas de Brusone.
Fonte: SILVA, M. J. R.; IFMT – Campo Novo do Parecis, 2016.

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Figura 4: Sintomas de brusone.
Fonte: SILVA, M. J. R.; IFMT – Campo Novo do Parecis, 2016.
 
DISSEMINAÇÃO: O meio de propagação do fungo é por sementes contaminadas e através do vento onde o esporo do fungo é transportado até a planta, aderindo-se na folha, resto de cultura, quando se tem até três safras de arroz na mesma área o esporo do resto de cultura ainda estará vivo. E hospedeiros alternativos, como as plantas daninhas: arroz vermelho, arroz preto, capim arroz.
CONTROLE: O manejo do brusone deve estar relacionado a diferentes práticas culturais como: bom preparo do solo, incorporação de restos culturais, plantio antecipado, sementes certificadas, densidade de plantas recomendada, cultivares com resistência genética, diversificação de culturas, adubação nitrogenada equilibrada e controle de daninhas que possam hospedar o patógeno. Uso de defensivos químicos e cultivares resistentes também auxiliam no controle do patógeno. Evitar que se rotacione com culturas suscetíveis ao patógeno.


MANCHA PARDA (Dreschslera oryzae)

A mancha parda está amplamente distribuída no Brasil e no mundo, sendo encontrada em toda região de cultivo, podendo ocasionar perda de até 30%, sendo considerada doença secundária no arroz, mas de grandes danos.
SINTOMAS:  O patógeno pode causar lesões nas folhas na fase de plântula, na planta adulta e nos grãos. Comumente se desponta nas folhas, durante ou logo após a floração. Nos grãos as manchas têm coloração marrom escura e muitas vezes coalescem, afetando o grão inteiro, reduzindo o peso dos grãos.
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Figura 5: Sintomas de Mancha parda.
Fonte: Silva, M. J. R.; IFMT – Campo Novo do Parecis, 2016.

Figura 6: Sintomas de mancha parda.
Fonte: Bem, R.; IFMT – Campo Novo do Parecis, 2016.
 
DISSEMINAÇÃO: Podem ser disseminados por sementes infectadas, podendo o inóculo permanecer viável por um período de três anos, na semente, no solo ou em restos culturais. O vento é uma das vias de disseminação levando consigo esporos.
CONTROLE: O tratamento de sementes com fungicidas reduz o inóculo inicial, cultivares resistentes, adubação equilibrada, nivelamento, bom manejo do solo e uso de sementes sadias são práticas que visam a redução do desenvolvimento do patógeno.

ESCALDADURA DAS FOLHAS (Monographella albescens)
Principal região afetada pelo patógeno são as folhas, sendo comum em arroz de terras altas e irrigado.
ETIOLOGIA: A escaldadura do arroz ocorre principalmente em regiões de trópicos úmidos, podendo ocasionar de 20 – 30% de perdas, em regiões de cerrados, as chuvas contínuas na época do emborrachamento provocam alta incidência de doenças
SINTOMAS: Notoriamente nota-se o aparecimento de manchas coloração verde-oliva, sem margens bem definidas, essas lesões evoluem formando faixas concêntricas, com alternância de cores marrom-clara e escura, as lesões coalescem, acarretando necrose e morte da lâmina foliar afetada.
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Figura 7: Sintomas de escaldadura.
Fonte: Bem, R.; IFMT – Campo Novo do Parecis, 2016.
Figura 8: Folhas com sintomas de escaldadura.
Fonte: Silva, M. J. R.; IFMT – Campo Novo do Parecis, 2016
 
DISSEMINAÇÃO: O patógeno sobrevive nas sementes de arroz, causando descoloração da plântula, e em restos culturais, elevadas doses de nitrogênio e densidade de planta favorecem o rápido desenvolvimento da doença.
CONTROLE: O patógeno sobrevive nas sementes de arroz, causando descoloração da plântula, e em restos culturais, elevadas doses de nitrogênio e densidade de planta favorecem o rápido desenvolvimento da doença.


MANCHA OCULAR (Drechslera gigantea)

SINTOMAS: As lesões geralmente são pequenas manchas ovais ou circulares de coloração marrom ou pardas como o epicentro acinzentado e contorno marrom-avermelhadas. Em estágios avançados as manchas coalescem, formando “zonas” nas folhas, reduzindo a área fotossintética.
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Figura 9: Sintomas de mancha ocular.
Fonte: SILVA, M. J. R.; IFMT- Campo Novo do Parecis, 2016.
Figura 10: Sintomas de mancha ocular.
Fonte: Bem, R.; IFMT – Campo Novo do Parecis, 2016.
 
DISSEMINAÇÃO: Uma das formas de transmissão é via sementes. A germinação dos conídios do patógeno ocorre entre 15 e 23 °C, quanto maior o ponto de orvalho maior será a severidade da doença.
CONTROLE: não se tem controle químico certo para controle da doença, por ser uma doença recém descoberta. Portanto nota-se que o controle químico para as principais doenças também surta efeito na mancha ocular.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste trabalho foi alcançado com êxito, onde foi possível uma abrangência e ampliação de conhecimento a respeito de patógenos causadores de distúrbios celulares em culturas cultivadas na área.
Em alguns casos houve a dificuldade de discernimento da doença, onde algumas lesões em sintomas iniciais se assemelham a outras doenças. Mas com afinco em pesquisas e discussões com os colegas, monitora e professora se teve a resolução das doenças.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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