quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Milho

VITRINE FITOPATOLÓLIGA DA CULTURA DO MILHO
(Marcionilio Caetano e Rafael Oliveira)

O milho é de extrema importância econômica para o Brasil, sendo ela uma das culturas mais produzidas por grandes produtores e até mesmo para produtores familiares. E sua produção é ainda mais importante quando se trata na cadeia produtiva de aves e suínos, onde o consumo para a alimentação dos animais chega a 70% do milho produzido no mundo e de 70% a 80% do milho produzido no Brasil.
Antes de iniciar a semeadura foi realizado o preparo do solo e demarcação da área de plantio dos híbridos no campo experimental e instalações estacas.
Figura 1: Área experimental da cultura do milho
Fonte: Oliveira, 2016- IFMT- Campo Novo do Parecis.

          A cultivar utilizada foi NS90 pro 2 da Nidera Sementes em que contém características de ciclo médio, ótima adaptação para cultivo na safrinha, colheita após 137 a 153 dias do plantio e finalidade de consumo como grãos e silagem.
A semeadura ocorreu na data de 27/09 utilizando tratamento de sementes (TS) com Standak Top 200 ml por hectare (dosagem utilizada na cultura do milho), e o espaçamento entre linhas é de 0,80m. No dia seguinte a semeadura foi instalada as placas de identificação com o nome do material e tratamentos que serão trabalhados e implantamos o sistema de irrigação nas parcelas.
A adubação foi feita no sulco da semeadura antes de efetuar o plantio e foi utilizado NPK de formulação 10.20.20 250kg/há e após 30 dias a partir da data de germinação aplicamos 100kg/há de ureia nas parcelas. As parcelas foram divididas em quatro blocos onde a primeira parcela foi livre de tratamento, logo, não recebeu nenhum tipo de tratamento de semento (TS) tanto aplicação de fungicida na parte aérea da planta. A segunda parcela recebeu TS com fungicida preventivo, onde, o fungicida é aplicado antes do surgimento de doenças na área. Na terceira parcela utilizamos TS com fungicida curativo. Na quarta e última parcela utilizamos todos os tratamento TS+preventivo+curativo.
O posicionamento das aplicações foram com foco para mancha-branca e ferrugem que são as doenças de maior importância para a cultura na região.


Figura 2: Área experimental da cultura do milho
Fonte: Oliveira, 2016- IFMT- Campo Novo do Parecis.

DOENÇAS DO MILHO

MANCHA BRANCA- Phaeosphaeria maydis

A mancha branca ou mancha foliar do milho como também e conhecida ocorre no Brasil de forma generalizada há muitos anos e é ainda relatada na Índia, em alguns países da África e das Américas Central e do Sul. Esta doença embora antiga no Brasil, ocorria apenas no final do ciclo das plantas e só foi observada em plantas mais jovens, com consequente redução da produtividade da cultura, a partir do final da década de 80. Podendo causar danos superiores a 60%
ETIOLOGIA: Causada pelo fungo Phaeosphaeria maydis, Este fungo produz estruturas de reprodução sexuada, que são pseudotécios, com esporos do tipo ascósporos e, em sua fase assexuada, contendo conídios, por isso seus principais meios de disseminação são por vento, respingos de chuva e sementes contaminadas, tendo como foco inicial de disseminação da doença restos de cultura.
SINTOMAS: Os sintomas iniciam-se por manchas pouco aparentes foscas com forma arredondada ou levemente irregular e rapidamente evoluem para verde claro até atingirem coloração palha, aquosa, podendo medir de 0,3 a 2 cm e são distribuídas sobre a superfície da folha. São encontradas no limbo foliar, mas iniciam-se na ponta da folha progredindo para a base, podendo coalescer. Pseudotécios e/ou picnídios podem ser vistos como pontos escuros sobre as lesões maduras.



Figura 3: Mancha branca na folha do milho
 

Figura 3: Mancha branca na folha do milho
Fonte: Oliveira, 2016- IFMT- Campo Novo do Parecis.

EPIDEMIOLOGIA: A mancha branca possui seu desenvolvimento favorecido por temperaturas no entorno de 15°C a 22°C com elevada umidade do ar superior à 55%, combinados a longos períodos de molhamento foliar e elevada pluviometria. Tendo como principal forma de disseminação vetores como vento, respingos de chuva e sementes infectadas.
CONTROLE: O uso de cultivares resistentes é a principal forma de controle da doença. Podendo potencializar seu controle com a rotação de cultura com gramíneas, melhor posicionamento da época de semeadura, híbridos com resistência ou moderada tolerância a doença e o uso de sementes sadias e/ou aplicação de fungicidas.

HELMINTOSPORIOSE- Exserohilum turcicum

A helmintosporiose é considerada uma das mais importantes doenças da cultura do milho em diferentes regiões em condições favoráveis ao seu desenvolvimento e em cultivares suscetíveis as perdas podem chega a 50%
ETIOLOGIA: É causada pelo fungo Exserohilum turcicum, o patógeno foi descrito pela primeira vez em 1876, O patógeno produz conídios de coloração verde ou marrom, o tempo de sobrevivência do patógeno em restos de cultura é longo, podendo sobreviver como saprófito ou formar esporos de resistência denominados clamidósporos.
SINTOMAS: Os sintomas típicos da doença são lesões necróticas, elípticas, medindo de 2,5 a 15 cm de comprimento. A coloração do tecido
necrosado varia de verde-cinza a marrom. As primeiras lesões aparecem
nas folhas mais velhas e em condições de ataque severo pode ocorrer a queima completa dos tecidos foliares.

Figura 4: Helmintosporiose na folha do milho
Fonte: Oliveira, 2017- IFMT- Campo Novo do Parecis

EPIDEMIOLOGIA: Os esporos são disseminados pelo vendo onde na maioria das vezes a principal fonte de inoculo são produzidos em restos de cultura deixados na área pelo uso de monocultura ou plantio direto. Podem também ser trazidos pelo vento de outras áreas de cultivo. Com temperaturas favoráveis de cultivo variando entre 18°C á 27°c longos períodos de molhamento foliar e orvalho agravam ainda mais a severidade da doença. Tem como hospedeiros o sorgo, o capim sudão, o sorgo de halepo e o teosinto.
CONTROLE: O controle da doença é feito através do plantio de cultivares com resistência genética. A rotação de culturas é também uma prática recomendada para o manejo desta doença.
MANCHA DE DIPLODIA: Stenocarpella macrospora

Esta doença está presente nos estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Bahia e Mato Grosso e na região Sul do país. A doença não vinha sendo considerada como uma das mais importantes da cultura do milho, no entanto, em alguns anos, apresenta-se como um problema emergente, afetando até 10% de área foliar de determinados cultivares.
ETIOLOGIA: A mancha de diplódia é causada pelo fungo Stenocarpella macrospora anteriormente denominado diplodia macrospora Earle. Este patógeno também é agente causal de podridões de colmo, raízes, espigas e sementes de milho.
SINTOMAS: Os sintomas da doença são lesões foliares inicialmente pequenas e ovaladas, onde em todos os casos pode ser observado o ponto inicial de infecção no centro da lesão de cor clara, com anéis concêntricos mais escuros. Posteriormente tornam-se alongadas e irregulares, medindo geralmente de 1 a 15 cm de comprimento, podendo se estender por quase todo o comprimento da lâmina foliar. Nas lesões maduras, observam-se picnídios sub-epidérmicos, visualizados como pontos negros que são fonte de inóculo para outras partes das plantas.
Figura 5: Mancha de diplodia na folha do milho
Fonte: Oliveira, 2017- IFMT- Campo Novo do Parecis

EPIDEMIOLOGIA: Sua temperatura ideal de desenvolvimento fica no entorno de 25°C a 30°C e necessita de elevada umidade do ar. Os restos de cultura são fonte de inóculo que são facilmente disseminados por respingos de chuva, vento e maquinário agrícola.
CONTROLE: O manejo da doença pode ser feito através do uso de cultivares resistentes e da rotação com culturas não hospedeiras.

ANTRACNOSE FOLIAR DO MILHO- Colletotrichum graminicola

Um grande aumento na incidência e severidade da antracnose tem sido observado nas lavouras de milho, causando não somente destruição de área foliar mas também é agente causal de doenças como podridão do colmo, levando a uma morte prematura e acamamento das plantas.
ETIOLOGIA: A antracnose tem como seu agente causal o fungo Colletotrichum graminicola.
SINTOMAS: As lesões foliares e a podridão do colmo são os sintomas mais comuns, mas o fungo pode infectar sementes e raízes, pendão e também a espiga. As folhas podem ser infectadas em qualquer estágio de desenvolvimento e os sintomas variam bastante. Em plantas suscetíveis, as lesões são castanho claro, de ovais a alongadas, podendo algumas lesões apresentar bordas vermelho alaranjadas, que podem expandir e coalescer, tomando toda a folha. Normalmente, os sintomas começam pelas folhas baixeiras, se movendo progressivamente em direção ao ápice da planta. Quando as lesões começam na nervura, ocorre a seca da folha a partir do ponto onde está a lesão em direção ao ápice, formando uma lesão em “v”.
Figura 6: Sintomas de antracnose na nervura central da folha
Fonte: Oliveira, 2017- IFMT- Campo Novo do Parecis
EPIDEMIOLOGIA: Tem como condições favoráveis de desenvolvimento longos períodos de alta temperatura em torno de 28 a 30oC com elevada umidade relativa do ar e chuvas frequentes favorecem o desenvolvimento da doença.
CONTROLE: As principais medidas recomendadas para o manejo da antracnose são o plantio de cultivares resistentes, a rotação de cultura e evitar plantios sucessivos, no qual são essenciais para a redução do potencial de inoculo do patógeno presente nos restos de cultura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluiu- se com o fim do trabalho a grande importância de se ter o conhecimento sobre as doenças que atacam a cultura do milho, assim como conhecer a evolução da doença, forma de disseminação e o manejo adequado para controle do patógeno. Sendo uma das culturas mais produzidas e consumidas no mundo, deve- se ter em mente o prejuízo econômico que cada doença pode trazer aos produtores se o controle não for realizado de forma adequada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OLIVEIRA, E.; OLIVEIRA, C.M. Doenças
em milho: molicutes, vírus e vetores. Brasília: Editora UnB, 2004. 276p. Embrapa Informação Tecnológica.
FERNANDES, F. T., OLIVEIRA, E. Principais moléstias na cultura do milho. Sete Lagoas: Embrapa-CNPMS, 1997. 80p
CASELA, C.R.; FERREIRA, A.D.; PINTO, N..F.J.A. Doenças na cultura do milho. In. CRUZ, J.C.; KARAM, D.; MONTEIRO,
M.A.R.; MAGALHÃES, P.C. A cultura do milho, Sete Lagoas, Embrapa Milho e Sorgo, 2008. p.215-256.

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